O mercado brasileiro de veículos novos deve crescer de 8 a 10 por cento ao ano nos próximos quatro anos, apoiado no crescimento da economia e na melhora no crédito, disse um executivo da Volkswagen nesta segunda-feira.
A projeção foi feita pelo novo presidente do grupo alemão para Brasil e América do Sul, Pablo Di Si, que tem como objetivo levar a companhia de volta à dianteira do mercado nacional, atualmente liderado pela norte-americana General Motors.
Segundo Di Si, com o crescimento esperado, as vendas do mercado nacional atingirão 2,8 milhões de unidades até 2020 ante nível previsto pelo setor neste ano de 2,2 milhões de veículos.
“Temos bons problemas agora”, disse Di Si referindo-se ao crescimento esperado para o Brasil e incertezas sobre a capacidade da indústria de autopeças conseguir suprir as montadoras após quatro anos de quedas nas vendas do setor.
“Crescimento de 8 a 10 por cento é difícil e não gostaria que perdêssemos oportunidade de crescer, temos que estar prontos para este cenário base”, disse Di Si a jornalistas durante o Congresso Autodata Perspectivas 2018.
A Volkswagen atualmente é a terceira maior montadora de veículos leves do país em vendas, atrás da GM e da Fiat, do grupo FCA. O grupo alemão teve vendas acumuladas no ano até setembro de 197,15 mil carros e comerciais leves, ante 282,8 mil da GM e 214,2 mil da Fiat.
Questionado se a Volkswagen pretende ampliar as vendas em 100 mil unidades no Brasil no próximo ano para chegar a liderança do mercado nacional, Di Si respondeu que o objetivo da montadora alemã no país é alcançar a liderança no “médio prazo”.
Para isso, a montadora está reformulando sua linha de produtos no Brasil, prevendo 20 lançamentos até 2020, e investimentos de 7 bilhões de reais. O primeiro é a nova versão do Polo anunciada neste ano, seguida pelo lançamento do sedã Virtus em janeiro de 2018, afirmou Di Si.
O executivo evitou falar sobre dados financeiros da companhia na América do Sul. Questionado sobre possível queda de margens do setor diante do esperado aumento da concorrência no próximo ano, Di Si respondeu que “margem quem decide é o consumidor e a concorrência. Se o volume de vendas do mercado crescer como esperado e as exportações também, isso deverá ajudar nas margens do setor”.
Antes de ingressar na Volkswagen da Argentina em 2014, Di Si, que na juventude foi jogador de futebol no Huracán, de Buenos Aires, antes de conseguir uma bolsa para estudar nos Estados Unidos, foi diretor financeiro da Fiat em Belo Horizonte (MG). Ele afirmou que pretende implantar na companhia uma gestão “baseada em time e motivação. Sempre relacionei gestão de empresa com futebol”, afirmou.
Como parte do esforço de equipe, a Volkswagen quer se reaproximar de sua rede de 530 concessionários do país, para prepará-la para os futuros lançamentos e reposicionamento da marca, afirmou o executivo, acrescentando que a empresa “tem que ser rápida” neste processo.
Sobre sua terra Natal, Di Si afirmou que o forte crescimento do mercado argentino, previsto em de 30 por cento em 2017, deve continuar nos próximos dois a três anos, diante do represamento da demanda em anos anteriores e aumento da concessão de crédito.
A Argentina é o principal destino de exportações automotivas brasileiras e a Volkswagen, a maior exportadora de veículos do Brasil. “O crescimento do mercado argentino é sustentável. Não está acontecendo loucuras de preços lá. O aumento do crédito está ajudando muito”, afirmou Di Si, citando que outros setores, como o de construção civil também estão tendo forte crescimento.
Fonte: Reuters