A perspectiva de que a economia aqueça nos próximos anos também reflete nas projeções quanto ao mercado de combustíveis. Conforme a publicação “Oportunidades na Produção e no Abastecimento de Combustíveis no Brasil”, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para os próximos 10 anos, espera-se um crescimento acumulado de 20% na demanda dos principais derivados de petróleo e biocombustíveis (gasolina C, diesel, óleo combustível, querosene, GLP, etanol e biodiesel).
O aumento estimado é de 461 mil barris ao dia, o que totalizará 2.713 milhões de barris diários. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, argumenta que há um grande potencial de incremento do consumo, com a retomada do crescimento econômico. A projeção de elevação de 20% da demanda de combustíveis deverá ser acima do desempenho do PIB do País. De acordo com o levantamento da ANP, as vendas de gasolina C aumentaram, em média, 6,5% ao ano entre 2007 e 2016, enquanto o percentual anual de variação do consumo interno de óleo diesel foi de 3% no mesmo período. Nos últimos 10 anos, a variação do consumo de combustíveis foi bem superior ao crescimento do PIB no período – 49,4%, contra 21,8%.
As vendas internas de gasolina C, nos últimos anos, recuaram apenas em 2015, quando alcançaram 709 mil barris por dia, ante 765 mil barris em 2014. No ano passado, a alta foi retomada com um resultado de 739 mil barris diários. Já o segmento de óleo diesel vem caindo desde 2014, quando verificou 1.034 milhão de barris ao dia, contra 986 mil barris em 2015 e 933 mil barris em 2016. Silva argumenta que a recuperação do consumo de diesel é mais lenta do que a da gasolina, porém estima que essa retomada já será percebida quando for feito o levantamento do resultado de 2017. O consultor destaca que o diesel está diretamente associado ao desenvolvimento da economia, pois envolve o uso por caminhões, máquinas agrícolas e ônibus.
Outro ponto que chama a atenção é o surgimento de novos agentes praticando a importação de óleo diesel e gasolina para o Brasil, além da Petrobras. Até 2014, essa ação era praticamente feita apenas pela estatal, mas, atualmente, no caso do diesel, terceiros já compram mais no exterior do que a Petrobras e, no que diz respeito à gasolina, a diferença vem caindo em favor das empresas privadas. Um fator que contribuiu para o aumento das importações de combustíveis foi a mudança da estratégia da Petrobras. Como a estatal está se reposicionando no mercado, a política de preços do diesel e da gasolina praticados pela companhia estão em sintonia com o mercado internacional, comportando-se como uma commodity.
Silva projeta que o volume de importações continuará crescendo nos próximos anos, pois o parque de refino brasileiro não está dando conta do consumo, e a Petrobras não está disposta, no momento, a fazer novos investimentos em refinarias. Essas importações são feitas por traders que vendem para as distribuidoras ou que são constituídos por elas. Parte relevante do combustível que vem de fora para o Brasil tem origem na Venezuela e nos Estados Unidos.
Fonte: Jornal do Comércio