O aumento acumulado da gasolina para distribuidoras chegou a 30% cravados em 2017. A nova política de preços da Petrobras estreou em julho e foi regida por ajustes quase que diários nas tabelas. O diesel, por sua vez, alcançou 28%. Mas nenhum superou o gás de cozinha residencial, que subiu 57,3% desde julho, e 67,9% se for considerado um aumento um mês antes, de 6,7%. Já o gás industrial registra elevação acumulada de 36,4%. Os cálculos após seis meses da política entrar em vigor foram elaborados pelo economista Jéfferson Colombo, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), com base nos percentuais de aumento e redução que a estatal divulgou quase que diariamente no período.
Como o preço que a distribuidora recebe não é repassado integralmente à bomba, a gasolina comum em Porto Alegre, por exemplo, teve alta de quase 14%, considerando a média do litro em R$ 4,239 apurada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em pesquisa que se encerrou na semana de 23 de dezembro. O confronto foi com o preço médio no começo de julho, quando o litro estava em R$ 3,725. Mas na última semana do ano, os donos de veículos passaram a pagar patamares acima de R$ 4,35 e até acima de R$ 4,40 pelo litro em postos da Capital. O aumento ficou 400% acima da inflação projetada para fechar 2017, de 2,8% pelo IPCA.
Confronte os aumentos (Thiago Machado/Arte/JC)
O cálculo feito pelo economista, a pedido do Jornal do Comércio, indicou que foram 117 ajustes de preços na gasolina em 180 dias, sendo 62 aumentos e 55 reduções. No diesel, foram 121 alterações, sendo 69 aumentos e 52 cortes de valor. A média dos aumentos foi de 1,5% na gasolina, e de 1,2% no diesel. O gás de cozinha e o industrial tiveram sete mexidas para cada insumo, seis delas com aumentos em cada tipo de gás.
No período em que a estatal adotou a nova sistemática de composição e atualização dos valores, Colombo identificou ainda que o barril do petróleo teve elevação de 33,4% no mercado internacional, passado de US$ 48,69, em julho, para US$ 62,57 em novembro. O economista considerou o fechamento do preço no mês. A principal alegação da Petrobras para as mudanças é ajustar a variações externas.
O Sindicato dos Postos de Combustíveis (Sulpetro) emitiu uma nota oficial na semana passada reagindo aos aumentos e indicando que as revendas estão “sem referência de preços”. “O controle de estoque ficou bem mais complicado, porque o preço pago pela revenda é o do dia da entrega. O pedido do produto (combustível) em um dia pode ser um preço, quando o carregamento chegar ao destino (posto), o preço pode ser outro”, assinala a direção do sindicato.
O sindicato cita que as altas não têm sido repassadas integralmente aos consumidores devido à concorrência e a limites do mercado consumidor para absorver o nível de repasse das distribuidoras. O Sulpetro apontou ainda que o setor terá outro impacto no começo deste ano, que é o impacto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O valor do litro da gasolina sobre o qual incide o cálculo do tributo na substituição tributária subirá de R$ 4,2594 para R$ 4,3033.
O Procon Porto Alegre tem monitorado o comportamento dos preços em 65 postos da Capital. Na semana passada, os valores variaram de R$ 4,199 a R$ 4,450. Segundo o órgão, um posto de gasolina havia reduzido os valores e nove estabelecimentos haviam aumentado, comparados à semana anterior.
Fonte: Jornal do Comércio