O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, por unanimidade, na última segunda-feira (29), a implementação gradual da fase 15 do biodiesel.
Na opinião de Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, que representa a sociedade civil no conselho, a decisão é muito importante “porque o Brasil ainda é um grande importador de diesel”.
“O biodiesel é um combustível limpo, que reduz emissão de material particulado, promove o desenvolvimento, além de reduzir drasticamente a importação de diesel”, pontuou.
De acordo com Nastari, o CNPE aprovou um cronograma para implementação gradual do B15 até 2023.
“Está pendente ainda a conclusão dos testes para verificar a viabilidade técnica do aumento da mistura de 10 para 15%, e esses testes devem terminar até 1º de março de 2019”, disse.
Se os ensaios derem certo, segundo Nastari, “e ficar comprovada a viabilidade técnica para a ampliação”, a partir de 1º de junho de 2019 a mistura seria levada para 11%; para 12% em 1º de março de 2020 (12); 13% em 1º de março de 2021; 14% em 1º de março de 2022; e, finalmente, 15% em 1º de março de 2023.
“Esse cronograma de implementação é muito importante porque vai permitir continuidade no esmagamento de soja, na produção de farelo, de óleo de soja, na utilização de outras oleaginosas e sebo bovino para a produção de biodiesel”, elencou.
Do ponto de vista da revenda, a decisão pode impactar ainda mais na qualidade do diesel. “Ainda não foram sanados os problemas de qualidade em função da mistura do biodiesel no diesel. O biodiesel é um produto higroscópico, que capta a umidade do ar e é sujeito a alterações climáticas, mesmo com a redução do teor de água do produto que sai das usinas, determinado pela ANP. Tememos que os efeitos do aumento do produto cause problemas com a qualidade no diesel, trazendo prejuízos ao consumidor, que sempre são suportados pelos postos revendedores”, destacou Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis.
No último boletim de qualidade da ANP, publicado em setembro, 40% do total de amostras de diesel registraram não conformidades em relação ao teor de biodiesel, sendo a principal motivação entre as amostras desconformes. Em relação ao índice de conformidades de setembro, o diesel registrou 95%, nível de qualidade inferior aos demais combustíveis nacionais, que apresentaram 98,4% (gasolina) e 97,5% (etanol).
Fonte: Ascom Fecombustíveis