Com boas possibilidades técnicas para o Brasil continuar a ampliar o percentual de biodiesel na mistura do diesel comercial na direção dos 15% (B15), nos próximos anos, a logística ainda é um grande desafio. O alerta foi feito na terça-feira (1/10) pelo vice-presidente executivo da Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombuistíveis (Brasilcom), Abel Leitão, no segundo dia de atividades do Workshop da Rede de Serviços Tecnológicos e de Pesquisa em Biocombustíveis (RBiocomb), que terminou no dia 3/10, no Instituto Nacional de Tecnologia (INT), no Rio de Janeiro.
Segundo o executivo da Brasilcom, a progressão do B11 para o B15 impactaria no aumento de 50% no atual estoque e no transporte do biocombustível para a mistura, o que requer um grande esforço logístico, com investimento em toda a cadeia de distribuição de combustíveis em geral, formada por distribuidoras e revendedores. De acordo com um estudo realizado pela Brasilcom e pela Plural, seriam necessários aportes totais da ordem de R$ 82 bilhões de reais na cadeia de logística de combustíveis para fazer frente ao crescimento esperado de combustíveis nos próximos 8 anos, principalmente em tancagem e infraestrutura multisetorial, ferrovias, portos e dutos.
“Para conseguirmos esse investimento precisamos criar um ambiente propício, o que não existe atualmente por conta da grande concorrência desleal daqueles que sonegam: sendo os impostos responsáveis por até 60% do preço dos combustíveis em geral, a sonegação favorece a concorrência desleal que elimina os bons players” – avalia Abel Leitão. Os valores da sonegação e inadimplência de ICMS no setor de combustíveis somam R$ 7,2 bilhões ao ano, segundo dados de julho de 2019 da Fundação Getulio Vargas (FGV), em estudo encomendado pela Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural).
O vice-presidente executivo da Brasilcom também aponta para um potencial problema localizado de qualidade no biodiesel veicular que está chegando nas regiões de Goiás, Minas Gerais e oeste da Bahia, devido ao travamento de algumas bombas de combustíveis em alguns postos. Este problema vem sendo tratado pelo setor de qualidade da ANP.
Fonte: INT