O etanol hidratado começou a nova safra sucroalcooleira do Centro-Sul (2019/20), nesta segunda-feira (1) , com uma boa vantagem econômica para os motoristas em relação à gasolina nos principais centros consumidores do país, o que promete garantir a continuidade do aumento das vendas como tem sido observado nos últimos meses. Em fevereiro, as vendas de hidratado somaram 1,729 bilhão de litros, crescimento de 39% ante um ano antes e um novo recorde para o mês de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgado na sexta-feira. Essas vendas aquecidas ocorreram em um mês em que o etanol estava mais competitivo do que a gasolina para a média da frota flex brasileira nos postos de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás — no Paraná, a vantagem se manteve apenas até a terceira semana de fevereiro. Juntos, os quatro Estados responderam por 77% das vendas totais. Mesmo no ápice da entressafra do Centro-Sul, em março, o etanol manteve sua competitividade ante a gasolina nos postos dos mesmos quatro Estados. Na última semana do mês (encerrada dia 30), o preço médio nos postos de São Paulo, por exemplo, ficou em 69% do valor da gasolina (1 ponto abaixo do patamar de 70% em que os dois combustíveis são igualmente competitivos economicamente). No fim de março do ano passado, o etanol só estava mais vantajoso do que a gasolina em Goiás (onde a correlação de preços alcançou 69%) e em Mato Grosso (com correlação de 67%). A vantagem observada agora tem sido assegurada, principalmente, pelos repasses da alta do petróleo no mercado internacional à gasolina A (pura) nas refinarias da Petrobras. Em março, o preço médio da gasolina C (já misturada ao etanol anidro) no país subiu 2,7%, enquanto o preço da gasolina A foi elevado em 10,81% pela Petrobras no mês passado. E o cenário para o mercado de etanol é ainda melhor se for considerada a perspectiva futura para os preços do biocombustível para os motoristas. “Além do etanol estar competitivo, o preço tem viés de baixa na bomba, porque os preços nas usinas também recuaram”, observou Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, que comercializa etanol. Enquanto os preços da gasolina subiam em março nas refinarias e nos postos, os do etanol já começavam a recuar na porta das usinas diante da retomada da moagem em algumas localidades e da oferta ainda elevada nos estoques. Em São Paulo, o indicador Cepea/Esalq para o etanol hidratado recuou 12,6% nas quatro semanas de março. Em Mato Grosso, que tem contado com oferta crescente das usinas que processam milho para produzir o biocombustível, o indicador Cepea/Esalq já recuou 6,8% desde a máxima alcançada na última semana de fevereiro (até 1 de março). Nas usinas de Goiás, o indicador Cepea/Esalq apontou queda de 15% no mesmo período. Para Rodrigues, da Bioagência, essa queda deverá chegar aos consumidores nas próximas duas semanas, o que tende a ampliar ainda mais a vantagem do etanol ante a gasolina. “Em São Paulo, a correlação deve cair até 65% já na segunda quinzena de abril”. A pressão também deverá chegar aos Estados onde hoje o etanolestá ligeiramente menos vantajoso do que a gasolina, como é o caso do Paraná. Para Rodrigues, as vendas de etanol deverão se manter no patamar de 1,8 bilhão a 1,9 bilhão de litros pelo menos nos três primeiros meses desta safra — na temporada passada, as vendas nesse período ficaram, em média, em torno 1,4 bilhão de litros. |
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Fonte:Valor Econômico Texto extraído do Siamig |