Em uma iniciativa da BRASILCOM e da Fecombustíveis, com apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi realizado em Brasília, na última quarta-feira (25), o workshop Mercado Brasileiro de Carbono x RenovaBio. O evento, que contou com palestras do professor da PUC-RJ, Antônio Márcio Thomé, e do consultor do mercado de combustíveis e ex-diretor da ANP Aurélio Amaral, com mediação do professor da PUC-RJ, Luiz Roberto Cunha, foi aberto pelo vice-presidente executivo da BRASILCOM, Abel Leitão. Ele salientou a preocupação geral com o meio ambiente, mas ressaltou que o RenovaBio esconde assimetrias e problemas que a sociedade não conhece. A BRASILCOM considera que existe um erro conceitual nesse processo, que obriga a ponta (distribuição) e desobriga as refinarias (produtores de combustíveis), as quais são grandes emissoras de gases de efeito estufa (GEE). “Nosso papel é alertar que um programa que deveria servir para trazer melhorias para toda a sociedade, se transformou num programa de simples transferência de renda. Ressalto que é muito importante tratar desse tema para que tenhamos de fato um programa de descarbonização.” Leitão acrescentou que, na maior parte dos países, quem compra os créditos de descarbonização são as refinarias, que de fato emitem grande quantidade de GEE, usando o conceito internacionalmente aceito de “poluidor-pagador”. “As distribuidoras emitem cerca de 1%, logo não faz sentido que essa obrigação fique com o elo de distribuição. O princípio correto seria o de quem polui mais, paga mais”, completou.
O presidente da Fecombustíveis, James Thorp Neto, reforçou que o setor não é contra o RenovaBio e muito menos contra as medidas necessárias para a descarbonização. No entanto, segundo ele, é preciso corrigir as assimetrias existentes, que afetam não somente os revendedores, mas, também, o consumidor. Thorp disse que, em 2022, o preço do CBIO era de R$ 40. O valor chegou a R$ 200 e hoje está em R$ 100. “Isso significa um impacto no preço final do combustível de R$ 0,10 por litro. A distribuidora, quando tem essa elevação de custos, vende mais caro aos postos. Estes, por sua vez, não podem elevar os preços, sob risco de serem autuados por órgãos de defesa do consumidor. São custos invisíveis para o consumidor, mas quem paga o preço é o posto.”
(*) a cobertura completa do evento estará na próxima edição da revista BRASILCOM EM AÇÃO